Desde o dia 2 de julho está acontecendo a 26ª edição da Bienal do Livro de São Paulo, e além de um encontro com os livros e autores, o evento promove um verdadeiro encontro de culturas. Este foi o tema de uma roda de conversa da Arena Cultural.
As autoras Lúcia Hiratsuka, Mari Bigio e Kiusam Oliveira, falaram sobre cultura ancestral e como se sentem em compartilhar por meio dos seus livros e também como os livros promovem representatividade, preenchem lacunas e promovem encaixes na vida de quem os lê.
Nos livros temos encontros com pessoas, com territórios diferentes, com histórias de migração voluntária ou não, com inúmeras perguntas sobre a vida, sobre o quem somos nós, sobre cuidado, fortalecimento e respeito. Sobre as gerações que vieram antes de nós e através dessas histórias construir a cultura juntos para as próximas gerações.
Confira aqui uma lista de livros dos livros que autores trazem a história, memória e ancestralidade coreana como pano de fundo.
Contos da Tartaruga Dourada – Kim Si Seup
Considerado o ponto fundador da prosa coreana, nesta obra clássica do século XV, em meio a aventuras sobrenaturais, o autor oferece detalhes da sociedade e dos modos de vida da época. O encontro entre o real e o irreal marca um descompasso entre as formas de realização pessoal e a estrutura política e simbólica vigente, conflito comum em épocas de ruptura, como a que os reinos coreanos viviam. Estes fios condutores podem permitir também que o livro seja lido como a história caleidoscópica de um só personagem.
A Espera – Keum Suk Gendry-Kim
Contada em forma de quadrinhos, A Espera aborda os males da Guerra da Coreia, pela premiada autora e quadrinista Keum Suk Gendry-Kim. A guerra, considerada uma das mais longas do mundo, já eclodiu há mais de 70 anos e deixou milhares de famílias coreanas foram separadas entre o Norte e o Sul. Todas elas suportam esse longo período sem nem sequer saberem se os seus amados estão vivos, aguardando por um reencontro improvável. A obra nasceu com o propósito de compartilhar a memória dessas pessoas.
Grama – Keum Suk Gendry-Kim
Grama é uma poderosa história em quadrinhos que narra a história real da sul-coreana Ok-sun Lee, vendida pela própria família na infância e forçada à escravidão sexual pelo Exército Imperial Japonês. Ela é uma das várias mulheres que foram capturadas para servir aos soldados nas chamadas “casas de conforto”, espalhadas pela China e por territórios ocupados pelo Japão durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa e a Segunda Guerra Mundial, em um dos episódios mais vergonhosos do passado da humanidade. Ok-sun Lee, hoje com mais de 90 anos, se tornou uma importante ativista pela indenização das mulheres de conforto, e é por meio de seus relatos à autora Keum Suk Gendry-Kim que acompanhamos sua triste história de vida.
Flor Negra – Kim Young-ha
Este livro conta uma história real de migração. Em abril de 1905, 1033 coreanos — ladrões e membros da realeza, sacerdotes e soldados, órfãos e famílias inteiras — embarcaram rumo ao México em busca de novas vidas. Ao chegar lá, foram obrigados a trabalhar como escravos e acabaram no fogo cruzado da violenta Revolução Mexicana. Baseado em uma história real e esquecida da História, Kim Young-ha, um dos maiores expoentes da nova literatura oriental, constrói um épico poderoso e arrebatador, que reverbera através de continentes e oceanos e ergue uma verdadeira ponte entre o Ocidente e o Oriente. Flor Negra é uma história sobre amores impossíveis, a ascensão e a queda de impérios e os riscos que envolvem a busca da liberdade.
A História de Hong Gildong – Heo Gyun
Inspirada numa figura histórica, Hong Gildong é conhecido como um dos Três Grandes Bandidos de Joseon, que os coreanos usam hoje como um nome genérico, correspondente a algo como “João da Silva” em português, em sinal de sua onipresença no imaginário coletivo coreano. Escrita em 1612 durante a dinastia Joseon, narra a trajetória de seu protagonista desde o nascimento, na pele de filho ilegítimo de um nobre e sua concubina. Em uma sucessão de aventuras e façanhas, destacam-se sua inteligência excepcional e dons supernaturais. Com o “destino forjado pelo céu”, Gildong é capaz de prodígios como o domínio das artes mágicas, a capacidade de encurtar distâncias e desdobrar-se e criar réplicas de si mesmo, enquanto que sua força sobre-humana e astúcia são as armas que mobiliza para enfrentar seus antagonistas, sejam eles os poderosos ou os espíritos malignos. Hong Gildong é considerado o “Robin Hood coreano”, já que ele é também um “herói bandido” – que tira dos ricos para dar aos pobres. O livro é tido como a primeira obra ficcional composta em hangul.
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