Uma petição publicada no site oficial da Casa Azul – escritório presidencial da Coreia do Sul – no domingo (19) pede o cancelamento drama Snowdrop, que teve apenas dois episódios lançados. Em um dia, quase 97 mil assinaturas foram registradas.
A justificativa da petição seria a forma distorcida com a qual o drama trata os acontecimentos da época em que a história se passa. Snowdrop retrata um período da ditadura na Coreia no qual muitos estudantes foram mortos em movimentos pela democratização do país. De acordo com os espectadores, o drama não está retratando tais acontecimentos de forma fidedigna.
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Além disso, também há uma preocupação sobre como o movimento de democratização coreano está sendo retratado para os estrangeiros que estão acompanhando o drama, que está disponível em serviços de streaming. No Brasil, o Star+ transmitirá o drama em 2022, ainda sem data definida.
Após a petição ir ao ar, várias empresas – como a Ssarijai, Heungil Furniture, GANISONG, Dopyoungyo, entre outras – que patrocinavam o drama pediram para remover ou minimizar a exposição de seus produtos na série. Um porta-voz da Ssarijai, que produz bolos de arroz, declarou que a marca retirou seu patrocínio e pediu a remoção de sua logo do drama. A empresa também se desculpou com o público e afirmou que não sabia do conteúdo da série antes de acertar a parceria.
O diretor Jo Hyun-tak afirmou em uma entrevista no dia 16 que quis retratar pessoas e não política ou ideologias e, exceto pelo regime militar e pela eleição presidencial, todos os personagens e cenários são fictícios.
Até a publicação desta matéria, a petição já acumulava mais de 230 mil assinaturas.
Polêmicas antes mesmo da estreia
Em março, quando Snowdrop ainda estava em produção, outra petição foi feita sob a mesma preocupação. Na época, os roteiristas afirmaram que o drama não retrataria o movimento de democratização e que não haveria nada no roteiro onde os protagonistas participassem ou liderassem algum movimento.
Por causa disso, o nome da personagem interpretada por Jisoo (BLACKPINK) foi mudado de Eun Young-cho para Eun Young-ro, evitando referências ao nome da ativista pró-democracia Chun Young-cho.
Na época, a Casa Azul defendeu a produção citando o artigo 4 do Ato de Radiodifusão que garante a liberdade e independência dos produtores de conteúdo, mas também alertou que era necessário uma abordagem cautelosa.
Ana Raíssa da Luz
Imagens: JTBC e reprodução
Fonte: (1), (2), (3)
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