As tendências de beleza coreana (K-beauty) se tornaram imensamente conhecidas nos últimos anos. Com a crescente popularidade da música pop coreana (K-pop) e dos dramas (K-dramas) e filmes, o conceito de beleza passou a ser consumido por jovens de todos os cantos do mundo.
As tendências de beleza sul-coreanas tiveram início no final de 1800. Durante esse período, a maquiagem era mais simples e feita com materiais naturais e os cabelos, em sua maioria, eram mantidos em coques presos na altura da nuca. No final desse período, com a chegada de ocidentais e da influência japonesa, a beleza coreana começou a perder seus elementos tradicionais.
Com a ocupação japonesa (1910-1945) no início do século 20, uma transformação cultural e de consumo impactou a vida dos coreanos. O banimento de publicações coreanas – incluindo revistas de moda e beleza – fez com que um novo conceito de beleza surgisse: agora, mulheres coreanas seguiriam padrões de beleza japoneses, que por sua vez baseavam-se nos padrões ocidentais.
Mulheres coreanas passaram a gastar seu tempo e dinheiro em produtos de beleza de origem japonesa e em um dos poucos produtos coreanos ainda usados: o pó de arroz da marca Pakgabun. O produto era extremamente popular, tendo seu uso parado em meados de 1930, quando se descobriu alguns componentes químicos ruins para o corpo. Foi também nesse período que a obsessão pelo físico ideal começou, com mulheres tentando se encaixar no padrão de queixo em “V”.
Um novo modelo de feminilidade foi batizado de “new woman”, com penteados Gibson Girl e The flapper. O corte bob (considerado um escândalo na época) e maquiagens consideradas “agressivas” – incluindo rímel e batom vermelho – também passaram a fazer parte do dia a dia das mulheres.
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Com o fim da Guerra da Coreia, o movimento contemporâneo ganhou força e os anos 1950 lançaram base para o desenvolvimento da cirurgia plástica – considerada nos dias atuais como a melhor do mundo – e as mulheres viram a influência ocidental aumentar, com novos penteados surgindo, com cabelos mais curtos e maquiagens mais vivas.
A década de 1960 viu o nascimento da modernização dentro do país acompanhada da evolução na alfabetização e melhores condições econômicas. Com maiores oportunidades de trabalho, a moda tornou-se mais versátil e, paralelamente, indústrias de maquiagem começaram a ser criadas – incluindo a Uisang. E em 1964 foi aberta a primeira escola para modelos.
Foi nesta época também que o padrão de beleza coreano foi determinado: pele lunar, rosto pequeno e queixo em “V”, corpo leve e magro, nariz fino e arrebitado.
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Os anos 1970 foram caracterizados pelo regime autoritário e repressivo de Park Chung-hee, o arquiteto da negação de muitos direitos civis e políticos. Durante este período os jovens passaram a fazer uso de um estilo de protesto, mantendo os cabelos mais compridos e trazendo o estilo punk e hippie para a luz da popularidade. Com a década de 1980 surgindo, as televisões em cores também começaram a ser populares, criando um novo apelo aos jovens coreanos que queriam se tornar estrelas do entretenimento. As mulheres passaram a usar cores mais vivas e combinar blush com sombra era preciso. Os anos 1980 também viram a febre do “disco” e o alvorecer de um novo estilo de música.
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Com o surgimento do K-pop no início da década de 1990, os idols viraram modelo de tendências, passando a ter seus estilos copiados por todo o pais. A tendência de beleza se tornou mais suave, vindo na contramão da década anterior: se antes as maquiagens eram mais vibrantes e coloridas, a estética de 1990 trouxe sobrancelhas mais finas, lábios escurecidos e marcados com lápis, olhos mais suaves e a pele trazendo um aspecto mais natural, criando um jeito mais simples de expressão individual.
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Além disso, os homens também ganharam espaço dentro do universo de beleza. Foi também nesta época que a Vogue Korea foi fundada.
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Os anos 2000 seguiram com um novo produto de exportação: os cosméticos coreanos. Se até o final dos anos 1990 a França era a líder mundial em cosméticos, a partir da década de 2000 a situação se inverte: as marcas coreanas passam a invadir as prateleiras do mundo todo.
Os cosméticos eram anunciados com fórmulas mais naturais – fruto de uma incansável pesquisa tecnológica e científica. Foi também criado o famoso “dez passos” da rotina de beleza.
O mercado de cosméticos também gerou mudanças para os clientes masculinos com a criação de marcas de maquiagem e até mesmo produtos específicos para o exército.
Um novo tipo de turismo surgiu: o turismo cosmético. O distrito de Myeong-dong transformou-se no distrito da beleza, com conglomerados de lojas especializadas onde turistas estrangeiros eram bem-vindos.
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O país também se consolidou como o maior em números de cirurgias plásticas. A mensagem sobre cuidados estéticos sendo transmitida incessantemente em dramas da televisão – com homens e mulheres mostrando cremes e máscaras faciais – e a música, principalmente a indústria do K-pop, fez com que novos padrões de “perfeição” surgissem, fazendo com que mais e mais coreanos se submetessem a cirurgias plásticas para alcançar tais “perfeições”.
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A beleza sul-coreana passou a ser um fator de grande importância social, tornando-se também um indicador de status econômico, além de muitas vezes “ajudar” no processo de carreira profissional. Os jovens tornaram-se mais dispostos a expressar suas individualidades e maquiagens com aspectos inocentes ou românticos, como os “lábios gradientes” e cabelos em cortes e cores diferentes, foram sendo criados.
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Jovens tornaram-se mais dispostos a expressar suas individualidades e maquiagens com aspectos inocentes ou românticos.
Com tudo isso, não é de se estranhar que, nos tempos atuais, a Coreia do Sul tenha se tornado uma janela para as tendências futuras, com marcas ocidentais copiando marcas de cosméticos coreanas e mais e mais mulheres fazendo uso dos tais “dez passos” de uma rotina de beleza.
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Whitewashing e os extremos do padrão de beleza coreano
Fonte: (1), (2), (3), (4), (5)
Imagens: Reprodução
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