Quem acompanha a cultura coreana deve ter se deparado com o termo “chaebol” em algum momento. Vamos explicar o que significa o termo e falar sobre estas potências que controlam grandes setores da economia da Coreia do Sul.
O que são os Chaebols e sua origem
Etimologicamente, o termo é uma junção de “chae” (재) termo coreano para “rico” e “bol” (벌), que significa “clã” ou “grupo”. Na prática, os chaebols são grandes conglomerados multinacionais controlados pela família do seu fundador.
A origem da estrutura data dos anos 1960. Desde o passado, os grandes chaebols desenvolveram uma relação de proximidade com o governo sul-coreano, o que garantia empréstimos e outros privilégios econômicos às empresas, especialmente aquelas envolvidas no setores de construção, mineração, combustíveis e industria química.
Apesar de contribuírem em peso para a economia do país, os chaebols também são alvos de críticas por monopolizarem o mercado e atrapalharem o desenvolvimento de empresas de pequeno e médio porte. Além disso, muitos classificam os membros das famílias como “intocáveis” pela lei, já que alguns já foram inocentados de delitos.
Exitem dezenas de chaebols na economia coreana, mas cinco se destacam dos demais.
Samsung
O início do legado da Samsung no ramo dos eletrônicos começou em 1969, mas a empresa foi fundada em 1938 por Lee Byung Chull como um mercado. Após a guerra da Coreia, Lee expandiu seu negócio para o ramo têxtil e passou a investir pesado na industrialização com o objetivo de ajudar seu país.
A partir de 1969, a empresa passou a ser conhecida como Samsung Electronics e rapidamente se tornou um dos principais fabricantes da Coreia do Sul. Seu crescimento inicial foi atribuído a indústria doméstica de eletrônicos de consumo estar apenas começando a decolar, e a empresa começou a exportar seus produtos.
Hoje, os segmentos do conglomerado incluem produções de filmes, lojas de departamento, serviços financeiros e automobilístico. A gigante coreana segue sendo o maior Chaebol nacional e responsável por movimentar boa parte da economia do país com suas múltiplas facetas, investimentos e desenvolvimento de produtos.
O legado de Lee na Samsung foi seguido brevemente por Lee Maeng Hee (seu primeiro filho) entre 1966 e 1968, antes de Lee Kun Hee (o terceiro filho) iniciar seu comando, que durou até sua morte em 2020. Atualmente, a posição é ocupada por Lee Jae Yong, filho do ex-presidente e neto do fundador.
Hyundai Motors
A história da Hyundai começa em 1967, e assim como a Samsung, em outro ramo de negócios. A Companhia de Engenharia e Construção Hyundai foi fundada em 1947 por Chung Ju Yung. Nascido na Coreia do Norte, Chung veio de uma família de origem humilde e tornou-se um dos homens mais ricos do país vizinho.
Após mudar para o setor automotivo, a Hyundai construiu uma fábrica em Ulsan e começou a produção de seu primeiro carro, o modelo batizado de Cortina. Daí em diante, o conglomerado cresceu, expandiu para o mercado internacional e tornou-se uma das maiores fabricantes de automóveis do mundo.
Chung Ju Yung faleceu em 2001 e parte da administração da Hyundai ficou sob responsabilidade do seu 5º filho, Chung Mong Heon, que mais tarde viria a se tornar o segundo presidente do conglomerado. Hoje, a liderança também está na terceira geração da família com Chung Euisun (neto do fundador) ocupando o cargo principal.
SK Holdings
O terceiro maior conglomerado sul-coreano é o SK Group, ou SK Holdings. A história desta gigante econômica começa com Chey Jong Gun em 1953. Nesse ano, o fundador reformou a fábrica da Sunkyong Textile que havia sido destruída durante a Guerra da Coreia. Conforme o país começava a se estruturar, a fabricante têxtil expandiu seus negócios para a área de construção e produção de fibras sintéticas.
O maior salto do grupo acontece justamente com a aproximação com o governo – em uma época em que o governo garantia melhores condições que resultassem no progresso de mercado do país. Assim, o grupo passou a obter empresas que eram estatais e acabavam se tornando privadas com toda a facilidade burocrática dada pelos governantes entrando no mercado do petróleo e telecomunicações.
Em 1973, Chey Jong Hyon foi nomeado presidente do grupo, permanecendo no cargo até sua morte. Em 1998, o comando passou para Chey Tae Won, abrindo a terceira geração da família no poder.
LG
Apesar de ser uma das gigantes do ramo da tecnologia, história da LG começou em um ramo totalmente diferente: o de cosméticos. O primeiro passo foi dado em 1947 com a fundação do LuckyChemical Co., Ltd., hoje chamado LG Chem, que fabricou o primeiro produto cosmético da Coreia do Sul.
Nos anos que seguiram, a empresa foi crescendo e adquirindo outras indústrias. Até que em 1958 nasceu a Goldstar sob o comando de Koo In Hwoi, que mais tarde viraria a LG Eletronics. No ano seguinte, a empresa registrava suas primeiras patentes de eletrônicos e produzia o primeiro modelo de rádio do país.
A presidência do conglomerado já teve vários ocupantes. Após a morte do fundador, o cargo passou para o filho Koo Cha Kyung, que ficou na posição de 1970 até 1995. O terceiro presidente foi Koo Bon Moo, que assumiu o posto até seu falecimento em 2018 em decorrência de um tumor cerebral. O atual presidente é Koo Kwang Mo, representando a quarta geração da família a chegar na posição.
LOTTE Group
O último chaebol da lista é o LOTTE Group, com uma história um pouco diferente dos outros. A primeira página da história do conglomerado começou a ser escrita 1948 por Shin Kyuk Ho no Japão com a inauguração de uma confeitaria. A empresa pôde cruzar o mar e se fixar na terra natal do seu fundador apenas após a normalização das relações diplomáticas entre Coreia e Japão.
Nos anos 1970, a LOTTE passou a atuar em diversos outros ramos com a abertura de um hotel e a aquisições de indústrias petroquímicas e de construção. Hoje, a LOTTE tem mais de 90 negócios e emprega um número estimado de 60 mil pessoas.
Diferentemente dos outros chaebols, a LOTTE está apenas na sua segunda geração de presidentes. O cargo é ocupado atualmente por Shin Dong Bin, que é filho do Fundador Shin, este por sua vez permaneceu na empresa até sua aposentadoria em 2017.
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Imagem: Yonhap
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