Nesta segunda (04), quase todas as salas da Coreia do Sul ficaram vazias e muitas aulas foram suspensas durante uma greve geral dos professores. O movimento contou com a ajuda de alguns pais favoráveis aos pedidos dos educadores que mantiveram seus filhos em casa.
Um protesto ocorrido na frente da Assembleia Nacional atraiu alguns professores no que foi chamado “o dia em que a educação parou”. Os protestos são reflexo do falecimento de uma professora ocorrido em julho. A data do protesto foi escolhida porque este é o 49º dia após a morte da professora, data importante para os budistas.
Pessoas vestidas de preto, incluindo crianças, prestaram homenagens à professora na escola onde ela faleceu em Seocho-dong, Gangnam. Memoriais também foram organizados em outras escolas, secretarias de educação e até em parques.
Os profissionais de uma escola em Nowon não conseguiram participar dos protestos porque o diretor recusou os pedidos de licença dos professores da instituição. Uma professora disse que quatro colegas foram corajosos o suficiente para faltar as aulas, mas o diretor exigiu que eles voltassem à escola. Ela acha que, mesmo que apresentem atestados provando que a falta foi por motivos de saúde, os profissionais ainda enfrentarão abusos psicológicos do diretor.
Na sexta (01), entraram em vigor uma série de medidas propostas pelo governo para aumentar a autoridade dos professores em sala. Porém, os profissionais alegam que tais medidas não são suficientes e que o governo deveria agir de forma mais agressiva, propondo, por exemplo, proteção contra processos legais aberto por pais de alunos.
Uma professora veterana com mais de 20 anos de experiência em sala contou: “Quando comecei, conseguíamos disciplinar os alunos se eles atrapalhassem as aulas. Hoje, eu posso ser processada por um pai por abuso emocional se eu ficar do lado de um aluno durante uma briga. Os pais consideram as escolas como uma instituição onde os professores devem cuidar do bem-estar dos seus filhos, não uma instituição que educa as mentes jovens. Como temos que ter muito cuidado para que as crianças não se machuquem, não podemos sequer fazer uma pausa para irmos ao banheiro“.
O Presidente Yoon Suk Yeol ordenou que o governo priorize a restauração dos direitos dos professores e normalize a educação. Em uma reunião com os secretários presidenciais, Yoon disse: “Prestem atenção às vozes dos professores e escutem suas preocupações compartilhadas no protesto semana passada“.
No sábado (02), 200 mil professores se reuniram em um protesto na frente da Assembleia Nacional sul-coreana. No mesmo dia, outras duas professoras tiraram suas próprias vidas, uma em Seul e outra em Gunsan.
No domingo (03), um professor de Educação Física na faixa dos 60 anos também fez o mesmo. De acordo com a família, um pai denunciou o professor à polícia acusando-o de ter negligenciado seu filho após o mesmo ter se machucado por uma bola chutada por outro aluno. O professor não estava no local quando o incidente aconteceu.
O Ministro da Educação, Lee Ju Ho, compareceu à sala de aula onde a professora tirou a própria vida em julho. Anteriormente, Lee prometeu tomar medidas duras contra os professores que faltassem às aulas, mas hoje o seu discurso foi diferente: “Hoje é o dia em que celebramos os mortos. Hoje é o dia em que todos envolvidos no ramo da educação devem se unir. O governo decidirá após analisar tudo que aconteceu hoje“.
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Fonte: (1)
Imagem: Yonhap
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