[AVISO DE GATILHO] O texto a seguir contém termos sensíveis que podem servir de gatilho. Recomendamos cautela ao prosseguir a leitura.
Nesta sexta (12), diversos representantes de diferentes áreas da indústria do entretenimento sul-coreano se reuniram no Korea Press Center para lerem uma declaração oficial sobre a morte do ator Lee Sun Kyun, falecido no dia 27 de dezembro.
A nota – batizada “Declaração Sobre a Morte do Ator Lee Sun Kyun, por Figuras Culturais e Artísticas” – foi escrita em nome da Conferência de Profissionais Culturais e Artísticos (CPCA), uma associação recém-criada que reúne 29 corporações e associações atuantes da indústria de entretenimento sul-coreana. Compareceram à coletiva os diretores Bong Joon Ho, Lee Won Tae e Jang Hang Jun além dos atores Kim Eui Sung e Choi Duk Moon e o cantor Yoon Jong Shin.
Em nome da CPCA, os representantes pediram: uma investigação minuciosa da propriedade e legalidade da investigação policial envolvendo o uso de drogas a qual Lee foi envolvido, a remoção de artigos sensacionalistas sobre o ator e a implantação de uma lei para proteger os direitos humanos dos artistas em casos de envolvimento em investigações.
Bong, que trabalhou com Lee em Parasita, foi um dos responsáveis pela leitura da declaração:
Pedimos urgentemente uma investigação minuciosa para averiguar se houve algum lapso na segurança da investigação policial ao longo do período de dois desde o vazamento de informações internas sobre a investigação envolvendo o falecido até a hora de sua morte.
Pode-se realmente afirmar que a cobertura do caso do falecido apenas na fase das investigações preliminares foi conduzida com um interesse público genuíno em salvaguardar o direito do público de saber?
A nota também mencionou os abusos cometidos pela mídia e por youtubers que violaram a privacidade de Lee e dos seus familiares, que foram expostos até mesmo durante o funeral do ator. Bong citou como exemplo uma reportagem da KBS divulgada no dia 24 de novembro que continha diversos detalhes da investigação e afirmou que é preciso averiguar como a rede obteve acesso a tais informações.
Lee Won Tae continuou: “Mesmo se os procedimentos investigativos forem considerados legais, o governo e a Assebleia Nacional não devem permanecer calados sobre este incidente trágico. É crucial examinar se houveram eventuais problemas com as atuais lei que protege os direitos humanos em casos criminais e divulgação de informações para iniciar quaisquer revisões legislativas necessárias“.
Choi Duk Moon – que trabalhou com Lee no k-drama Payback (2023) – declarou: “Faremos o máximo que pudermos até que resultados satisfatórios sobre as demandas e perguntas mencionadas sejam alcançados. A CPCA e mais de 2000 profissionais da indústria do entretenimento trabalharão juntos para promulgar a ‘Lei Lee Sun Kyun’ para evitar a repetição desta tragédia“.
As investigações envolvendo Lee começaram em outubro após a mídia sul-coreana reportar que um ator era suspeito de usar drogas. Apesar das primeiras reportagens não revelarem diretamente sua identidade, pistas dadas nas matérias – tais como a inicial do nome, a faixa de idade e menções sobre “voz grave” – rapidamente fizeram com que as suspeitas recaíssem sobre Lee.
Lee prestou três depoimentos à polícia e foi submetido a testes toxicológicos, que apresentaram resultado negativo. O ator afirmou que estava sendo alvo de chantagem e, em seu último depoimento que durou mais de 19 horas, pediu para que a polícia usasse detector de mentiras para averiguar a veracidade em suas falas.
Horas após ser liberado desse depoimento, Lee foi encontrado morto dentro de seu carro. O ator tirou sua própria vida e chegou a deixar uma carta para sua esposa, a também atriz Jeon Hye Jin. Trechos da mensagem foram revelados pela mídia contra a vontade da família.
A polícia encerrou a investigação sobre o uso de drogas logo após a morte de Lee, mas segue investigando o caso da chantagem feita contra o ator. Uma mulher envolvida no caso chegou a ser presa de forma preventiva.
Se você precisa ou conhece alguém que precise de ajuda, procure o CVV. O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. Ligue 188 ou acesse www.cvv.org.br
Fonte: (1), (2)
Imagem: Yonhap
Não retirar sem os devidos créditos.