Que tal começar o ano com uma leitura aconchegante e inspiradora? Esta é a proposta de Farmácia do Amor da Família Botero, primeiro livro da autora sul-coreana Lee Sun-Young (이선영) publicado no Brasil. Lançada pela VR Editora e traduzida diretamente do coreano para o português, a obra é uma ficção de cura que aborda dramas familiares e sentido da vida.
Conversamos com a autora Lee Sun-Young, que é considerada uma das melhores escritoras da atualidade na Coreia do Sul e autora de vários livros de sucesso, dentre eles Mil anos de silêncio (천년의 침묵), mistério ambientado na Grécia Antiga, pelo qual ganhou o Prêmio Literário Korean New Wave.
Confira a entrevista seguir.
KoreaIN: É um prazer ter você aqui, obrigada por conversar conosco. Como você tem passado os últimos dias?
Lee Sun-Young: Estou elaborando um novo romance. Quero iluminar os caminhos de vida de uma mulher analfabeta nascida em 1910, atravessando a história moderna e contemporânea da Coreia.
KIN: O que te inspirou a incluir uma narrativa com personagens inusitados que abordam um assunto comum, o amor?
Lee Sun-Young: Provavelmente está relacionado com a extensão das obras que venho escrevendo até agora. Sempre pensei que a literatura é uma forma de explorar o ser humano dentro da história e da sociedade. Este romance, tendo o amor como motivo, reflete diferentes aspectos da humanidade, criando vários personagens.
KIN: O que te levou a incluir uma pintura de Fernando Botero (artista colombiano) nesta narrativa?
Lee Sun-Young: Gosto de visitar exposições de arte e senti uma simpatia e humor únicos nas obras de Fernando Botero. O estilo caloroso e humano de suas pinturas combinou bem com a família da farmácia do amor e com os personagens do romance, que transmitem autenticidade.
KIN: O livro também tem referências à mitologia grega, particularmente Afrodite e Hefesto, estas influências vieram de seu outro livro?
Lee Sun-Young: Pode ser. Desde jovem, sempre me interessei pela mitologia greco-romana e pelas eras antiga e medieval. Meus romances Mil Anos de Silêncio e O Último Filho de Deus são frutos deste interesse. Porém, atualmente minha atenção está voltada para a história moderna e contemporânea da Coreia, que será o cenário do meu próximo livro.
KIN: Um elemento particularmente intrigante do livro é o Elixir do Amor. Qual é a sua perspectiva sobre o uso deste elemento para explorar a natureza do amor?
Lee Sun-Young: O catalisador da história foi o componente kisspeptina, encontrado no chocolate, que supostamente age como um indutor do amor. Eu o retratei como um “viagra espiritual”, inspirando-me na ideia mitológica das flechas de Cupido. No entanto, queria destacar que, no fim, o amor é uma troca mútua, baseada em comunicação, reconciliação e perdão.
KIN: O cenário da farmácia parece outro personagem da história, com sua música, poltronas, cheiro de chá de ervas e poções do amor. É um espaço aconchegante onde as pessoas se abrem sobre seus sentimentos ocultos. Você já esteve em algum lugar assim? O que te inspirou a criar esse espaço?
Lee Sun-Young: Imaginei um café bonito e acolhedor. Enquanto as farmácias geralmente tratam doenças físicas, a farmácia do livro cura o espírito e promove o amor. Combinei o propósito curativo de uma farmácia com o conforto e aconchego de um café.
KIN: Seu livro foi descrito como um “vira-página”, com muitos leitores dizendo que é difícil largá-lo. Você esperava que sua narrativa gerasse uma curiosidade e conexão tão intensa?
Lee Sun-Young: Desde o início, tive a convicção de que meu primeiro romance deveria combinar arte literária com diversão. Trabalhei para que os leitores não conseguissem parar de ler. Continuarei me esforçando para entregar literatura e entretenimento aos meus leitores.
KIN: Que emoções você espera que os leitores experimentem ao mergulhar no mundo deste livro?
Lee Sun-Young: Amor é parte da vida humana. Espero que os leitores experimentem as várias cores do amor e, através disso, reflitam sobre sua própria jornada em busca de um amor verdadeiro.
KIN: Como você mudou seu foco neste livro, passando da exploração dos lados mais sombrios da natureza humana, como visto em seus trabalhos anteriores, para retratar o processo de cura de pessoas com boas intenções que usam o amor para curar suas feridas emocionais?
Lee Sun-Young: Dei aulas de literatura sobre amor e relações, e isso me inspirou. Este romance representa uma tentativa de explorar o lado positivo do ser humano, um desafio que amplia meu repertório como autora.
KIN: Você escreveu muitos livros com diversas histórias e gêneros. Que gênero você está animada para explorar em seu próximo projeto?
Lee Sun-Young: Tenho interesse pela história moderna da Coreia. Quero escrever sobre uma mulher analfabeta nascida na época da ocupação japonesa, com habilidades especiais, e a vida de seus descendentes.
KIN: Por fim, você poderia deixar uma mensagem para seus leitores brasileiros que amam suas histórias?
Lee Sun-Young: Meu objetivo é continuar trazendo conforto e cura por meio dos meus romances. Sou profundamente grata aos leitores brasileiros e farei o meu melhor para equilibrar literatura e entretenimento em minhas obras. Muito obrigada!
Confira a sinopse de Farmácia do Amor da Família Botero a seguir e adquira o seu exemplar neste link.
Você quer um amor? Nós tornamos isso realidade. Quando uma farmácia que afirma vender o amor abre as portas num bairro residencial, logo levanta curiosidade e suspeitas entre os vizinhos. Mas deve haver um segredo na “poção do amor” que vendem: o que mais explicaria uma farmacêutica tão linda estar casada com aquele homem feio que parece ter saído de uma pintura de Fernando Botero? Enquanto acompanhamos os desdobramentos da inauguração da farmácia e a chegada dos primeiros clientes, somos apresentados a personagens, no mínimo, peculiares: uma casamenteira que acha que seu trabalho não tem nada a ver com o amor, um funcionário público à procura de uma esposa porque quer agradar aos pais, um rapaz apaixonado pela mãe da namorada. Para além do amor romântico, porém, Farmácia do Amor da Família Botero nos faz refletir sobre as expectativas das relações familiares, a complexidade dos vínculos que formamos ao longo da vida e o que pode acontecer se usarmos o amor como remédio.
Imagem: VR Editora
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