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Por que os jovens coreanos estão aprendendo línguas estrangeiras raras?

Na Coreia do Sul, aprender línguas estrangeiras faz parte do currículo escolar, muitas vezes incluindo um idioma além do próprio inglês. Mas cada vez mais surgem jovens sul-coreanos interessados em aprender idiomas fora do currículo e do círculo de proximidade que se espera. Confira com a KoreaIN que línguas estrangeiras estão se tornando mais populares entre os sul-coreanos e como este fenômeno cresceu nos últimos anos.

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A história do ensino de línguas na Coreia

O ensino de línguas estrangeiras na península coreana começou muito antes do que muita gente imagina, apesar de ser limitado a poucas pessoas no início. Por causa da proximidade com a China e com o Japão e as constantes trocas comerciais e diplomáticas, ter habitantes capazes de falar os idiomas era fundamental para a relação entre os vizinhos mais próximos já em torno da era dos Três Reinos da Coreia, que foi até o século 8.

Desde aquela época e durante séculos, coreanos de classes mais altas, especialmente os treinados para serem tradutores, chegavam a aprender até 4 idiomas, o que podia incluir o mongol e a língua manchu, além do japonês e do chinês. No século 19, com o aumento da interação com outros países, especialmente da Europa, e da criação de novas relações diplomáticas, mais idiomas passaram a ser necessários. E assim passaram a incluir ensino de inglês, alemão, francês e russo.

O ensino de línguas estrangeiras na Coreia do Sul hoje em dia é uma evolução direta disso e a escolha do que é ensinado nas escolas ainda tem uma relação forte com o que é mais necessário ou desejado em questões diplomáticas, comerciais e profissionais. Hoje em dia os idiomas estrangeiros fazem parte do currículo das escolas e das universidades, mas frequentemente como optativas.

O primeiro idioma estrangeiro ensinado é sempre o inglês, muitas vezes já presente no ensino fundamental. Enquanto o segundo pode variar entre japonês, chinês, alemão, francês, espanhol, russo, árabe, vietnamita e chinês arcaico escrito, e é mais comum serem introduzidos como eletivas no final do fundamental e no ensino médio. O conhecimento em pelo menos um desses idiomas é necessário para fazer os exames para ingressar na universidade.

A escolha do segundo idioma aprendido depende da oferta na instituição e do estudante, caso mais de uma opção seja oferecida. Por causa disso, na prática, os idiomas mais ensinados são inglês, chinês e japonês. Os demais, apesar de serem opções, são raramente escolhidos e já são considerados “obscuros” pelos sul-coreanos. Embora, destes, os idiomas europeus (como alemão e francês) ainda tenham um peso no ensino por causa da longa tradição nas escolas.


Quais línguas estrangeiras incomuns estão sendo buscadas pelos sul-coreanos e os motivos que levaram a isso

É na universidade que a paleta de opções se expande mais, com eletivas de diversos idiomas e cursos que podem ser beneficiados com o aprendizado de línguas estrangeiras mais fora da curva, como o português.

Mas mesmo nesses lugares a procura por idiomas que fogem dos três maiores é incomum, já que atualmente muitos exames acadêmicos e trabalhos no exterior exigem apenas o inglês, mesmo em países quem falam outros idiomas.

O que leva os jovens coreanos, especialmente entre 20 e 40 anos, a buscar idiomas de nichos específicos, então, muitas vezes tem pouca relação com estudo ou trabalho em si, e são mais voltados para a simples curiosidade. E é por isso também que o local de aprendizado para muitos deles não é nos primeiros anos de escola e sim nos cursos on-line, inclusive em alguns gratuitos do próprio Instituto Nacional para Educação Internacional (NIIED) da Coreia do Sul.

O NIIED disponibiliza cursos com parcerias com instituições de outros países como forma de promover uma troca cultural em um cenário de globalização, apoiado também pelo Ministério da Educação, que enxerga esse ensino importante para o desenvolvimento do país. E é o próprio instituto que funciona como uma régua para o aumento desse interesse dos coreanos: no primeiro ano do projeto em 2020 eles tinham apenas 600 alunos, e agora em 2025 já passam de 6.000.

São em cursos como esses e muitos outros que os sul-coreanos estão buscando idiomas como turco, ucraniano, persa, húngaro e suaíli. Muitas vezes motivados por algum contato anterior com o idioma ou com a cultura de algum país, mas a história de cada um e sua motivação para ir atrás de um idioma pode variar.

Alguns sempre se interessaram por línguas estrangeiras e buscam o desafio de aprender um idioma menos comum. Outros se tornaram amigos de pessoas de outros países e resolveram aprender um pouco para conversar e acabaram se apaixonando pelo idioma. Ou então podem ter viajado e se interessado tanto pelo país que resolveram aprender o idioma local.

O desejo de se mudar para tentar a vida, por motivos pessoais ou profissionais, em outro país também segue sendo um argumento importante para muitos sul-coreanos. Existem casos de jovens que desejam viver em um lugar com outro clima ou cultura diferente da rotina acelerada, outros buscam países com mais apoio social para deficiências ou então enxergam no exterior mais oportunidades para uma determinada área profissional.

Ou seja, o mesmo motivo que pode levar alguém a aprender inglês ou japonês também é aquele que leva a aprender turco ou sueco. No entanto, mesmo que seja por motivos pessoais, o aumento do interesse em idiomas estrangeiros pelos sul-coreanos, especialmente os mais jovens, é um bom sinal de abertura de um país que já foi “fechado” para outras culturas e agora aprende a cada vez mais se abrir para o mundo, uma palavra de cada vez.

Por Paula Bastos Araripe
Fonte: (1), (2), (3), (4)
Imagem: Zen Chung/Pexels
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  • Paula Bastos Araripe

    Jornalista carioca que tem o k-pop como trilha sonora da vida. Multistan incorrigível, defensora de grupos (injustamente) desconhecidos e nostálgica da segunda geração do k-pop. Highlight (Beast) tem certificado vitalício como meu grupo ultimate.

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