Cerca de 300 protestantes se reuniram na frente do escritório presidencial em Yongsan nesta quinta (08) para pedir que o governo não proíba o consumo de carne de cachorro na Coreia do Sul.
Os protestantes são membros da chamada Associação Coreana de Cães Comestíveis e produtores ou comerciantes de carne canina. Em uma declaração, eles alegam:
Mais de 10 milhões de coreanos ainda consumem carne de cachorro e é por isso que nós – fazendeiros – criamos e fornecemos mais de 70.000 toneladas de carne de cachorro todo ano. Oprimir o direito das pessoas de escolherem o que comer não pode ser aceitável em uma sociedade democrática.
Durante o protesto, Kim Byeong Guk – presidente da Associação – conversou com o portal The Korea Times e atacou os grupos protetores dos animais acusando-os de se aproveitar do dinheiro recebido por doações ao invés de proteger os animais. Além disso, os ativistas põe em risco o ganha-pão dos fazendeiros ao invadir suas propriedades para resgatar cães.
Em abril, a primeira-dama Kim Keon Hee se reuniu com representantes de grupos pró-direitos dos animais e teria supostamente prometido banir do consumo de carne canina durante o mandato do seu marido, o presidente Yoon Suk Yeol. O casal – tutores de seis cachorros e cinco gatos – já havia pedido punições mais severas para aqueles que cometessem crimes de maus-tratos aos animais e defendido o fim do consumo de carne de cachorro desde a época da campanha presidencial.
Cho Hee Kyung, líder da Associação Coreana pelo Bem-estar Animal, estava presente na reunião e disse que, embora Kim tenha se mostrado a favor do banimento, não houve qualquer promessa da parte da primeira-dama. Além disso, também destacou que o consumo de carne de cachorro no país vem caindo devido à mudança da percepção da sociedade que, cada vez mais, vê isso como algo negativo.
O que dizem as estatísticas
Um estudo feito pelo governo no ano passado mostrou que existem 1150 fazendas de cachorros na Coreia do Sul com mais de 520 mil cães sendo criados para o consumo. Tais números mostraram uma queda de 35% comparada com cinco anos atrás.
Já pesquisas feitas pelo Professor Chun Myung Sun, acadêmico de Medicina Veterinária na Universidade Nacional de Seul, mostrou como o retrato da opinião da sociedade sobre o assunto:
- 22% dos entrevistados disseram consumir ou já terem consumido carne de cachorro;
- 13% disseram que pretendem consumir;
- 93% disseram ter uma perspectiva negativa sobre o consumo de carne de cachorro;
- 64% disseram concordar com a necessidade de banir o consumo.
A filial coreana da Humane Society International (HSI), que desde 2015 já fechou 18 fazendas de cachorros e resgatou mais de 2700 animais, aponta que o grupo presente no protesto não representa a indústria como um todo. Segundo o órgão, os fazendeiros com quem já trabalharam reconheceram que seus lucros caíram com o declínio do consumo de carne canina no país e que, por isso, talvez seja a hora dos membros da Associação Coreana de Cães Comestíveis fazerem o mesmo.
Fonte: (1)
Imagens: Jean Chung (via HSI) e Newsis
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