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Saiba mais sobre o legado dos coreanos na música clássica

A música erudita chegou à Coreia na época do Império, por influência dos europeus no século 19. O estudo da área progrediu com o passar dos anos e, em 2007, estimava-se que 25% dos vencedores de competições internacionais de música eram sul-coreanos. Em 2017, a Federação Mundial dos Concursos Internacionais de Música revelou que, nos 60 anos da instituição, coreanos venceram mais de 150 premiações de música clássica.

Confira a seguir os principais artistas de destaque do país e como aconteceu o investimento em música erudita na Coreia do Sul.



A chegada da música clássica ocidental à Coreia

O primeiro contato da península coreana com a música clássica aconteceu em 1876, no final da Dinastia Joseon, quando a troca de poderes levou ao trono o Rei Gojong, que era mais receptivo às nações estrangeiras. A abertura de portos, instaurada pelo Rei, incentivou a difusão de vários elementos culturais do Ocidente, incluindo a música clássica.

A colonização da Coreia pelo Japão, em 1910, também serviu como “ponte” nesse processo. Na época, melodias japonesas compostas no estilo ocidental chegaram à região e coreanos viajaram ao Japão para aprender música clássica. A partir daí, foram criadas orquestras na Coreia, como a Jungang Aguhoe (1926) e a Orquestra Sinfônica de Joseon (1940), o que incentivou a popularização da música erudita no país — agora, de coreanos para coreanos.

Apesar da retirada do Japão com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Guerra da Coreia (1950-1953) retardou o desenvolvimento das sinfônicas na península devido às perdas de musicistas que serviram no exército. A segunda metade dos anos 1950 foi marcada, então, por trocas culturais com o Ocidente e novas iniciativas para a música clássica na Coreia do Sul. Muitas orquestras formadas durante a Guerra da Coreia ressurgiram com novos nomes, como a Orquestra Filarmônica de Seul (que surgiu na Marinha em 1951) e a Orquestra Sinfônica KBS (fundada pelo exército coreano em 1950).


Créditos: Reprodução/KBS Symphony Orchestra (Facebook)

Hoje em dia, pesquisas indicam que cerca de 4 mil universitários se formam em música clássica todos os anos na Coreia do Sul. Após a faculdade, é comum fazer intercâmbio para destinos como Áustria, Alemanha, Itália e Estados Unidos. Apenas um pequeno grupo atinge o sucesso, participando de orquestras, ganhando competições ou seguindo na carreira solo. A maior parte dos musicistas que não ganham destaque terminam investindo no magistério — muitos, na verdade, almejam lecionar música desde a graduação na universidade devido à tradição sul-coreana de valorizar a educação.



O sucesso dos musicistas sul-coreanos em competições

A Coreia do Sul se destaca nas categorias de piano, canto, violino e violoncelo na música clássica. O pianista Han Tongil foi o primeiro coreano a ganhar uma competição internacional de música, em 1965, com sua vitória na Competição de Leventritt em Nova York. A violinista Chung Kyunghwa também venceu a premiação na edição seguinte. Ambos tiveram carreiras de prestígio nos Estados Unidos e chegaram a se apresentar na Casa Branca.



Coreanos também atingiram o estrelato como regentes de orquestras: o pianista Chung Myungwhun estudou em Juilliard e passou pela direção de vários conjuntos, como a Ópera Nacional de Paris, a Orquestra Filarmônica de Tóquio e a Orquestra Filarmônica da Ásia. Foi como principal maestro da Orquestra Filarmônica de Seul, em 2011, que se tornou o primeiro grupo asiático a assinar um contrato de gravação com a Deutsche Grammophon, selo de lançamentos de música erudita da Universal Music.

Alguns destaques da música erudita nos últimos anos são a soprano Jo Sumi, que é nada mais nada menos que a primeira sul-coreana a ser indicada a um Oscar. Ela concorreu em 2016 na categoria Melhor Canção Original por sua interpretação da música Simple Song #3, da trilha sonora do filme italiano Youth.

Já o pianista Cho Seongjin foi o primeiro coreano a ganhar o Concurso Internacional de Piano Frédéric Chopin em 2015. O CD com a gravação da sua performance vendeu 50 mil cópias em menos de uma semana, sendo que é raro discos de música clássica venderem mais de 10 mil cópias na Coreia.



Ainda em 2015, a pianista Mun Jiyeong se tornou a primeira sul-coreana e asiática a conquistar o primeiro lugar na Competição Internacional de Piano de Ferruccio Busoni. No mesmo ano, a violinista Lim Jiyoung também foi pioneira ao vencer a Competição de Música da Rainha Elisabeth, na Bélgica. Ela tem um diferencial em relação a todos os outros musicistas mencionados aqui: Lim Jiyoung nunca estudou música fora da Coreia do Sul, sendo aluna da Universidade Nacional de Artes da Coreia.


Yiruma: um caso à parte na música clássica coreana

Créditos: Divulgação/Stomp Music

Yiruma deve ser introduzido separadamente porque ele é, sem sombra de dúvidas, o musicista coreano de maior reconhecimento da atualidade. O pianista estudou os clássicos da música erudita na Inglaterra durante a infância, e ganhou fama na Coreia com composições contemporâneas que conquistaram mundo afora. Seus principais trabalhos são OSTs para dramas populares, como Secret Garden e Winter Sonata.

No início de 2020, The Best: Reminiscent 10th Anniversary, compilação de músicas de Yiruma lançada em 2011, conquistou o topo das paradas de álbuns clássicos da Billboard e ficou na primeira posição por mais de 17 semanas consecutivas. Conhecido na Coreia por suas composições calmas e relaxantes, a teoria é que o lockdown em combate à Covid-19 tenha feito as pessoas voltarem a escutar as obras de Yiruma.

Fontes: (1), (2), (3), (4), (5), (6)
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