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Como o mercado cosmético sul-coreano busca abolir os testes em animais

Nos últimos anos, o mercado da beleza tem procurado alternativas menos nocivas para testar seus produtos. A tendência do chamado “cruelty-free” (livre de crueldade, em tradução livre) atrai cada vez mais adeptos e pode fazer marcas pequenas virarem famosas do dia para a noite. Sendo uma referência mundial de produtos cosméticos, a Coreia do Sul tem feito várias tentativas para diminuir os testes em animais diminuíssem nesta indústria.

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Em 2016, a Coreia aprovou uma lei que limitava os testes em animais. Esta lei passou a valer a partir de 2018 e, desde então, os processos de fabricação do mercado de cosméticos coreano foram muito modificados. Diante desta lei, os testes em animais se tornaram proibidos nos processos finais de fabricação de cosméticos e todas as empresas introduziram testes alternativos que fossem aceitos pelo Ministry of Food and Drug Safety (MFDS).
No entanto, a lei ainda permite que as fases de fabricação onde não há testes alternativos aceitos pelo MFDS permaneçam com os testes em animais. Portanto, ainda existem várias brechas e a proibição dos testes em animais não é total. Além disso, a lei permite que os produtos exportados para países que exigem os testes em animais os utilizem em todos os processos de fabricação. 

Apesar das várias brechas, a lei foi uma grande vitória para a Coreia e intensificou o debate nesta área. Além disso, ela foi primordial para criar uma tendência nos consumidores, que passaram a desejar cada vez mais que as marcas abolissem os testes em animais em todos os processos de fabricação.

Com isso, grandes marcas adotaram o sistema cruelty-free e a lista aumenta cada vez mais. A AmorePacific, maior empresa de cosméticos do país, e a LG Household e Health Care estão entre as já interromperam os testes em animais em todos os estágios de fabricação de todos os seus produtos.

Apesar do crescente número de empresas cruelty-free em 2018 e da tendência dos consumidores para produtos que não tenham testes em animais, a realidade sul-coreana ainda está longe do ideal neste aspecto.

Em 2019, a Humane Society International (HSI) criticou a falta de regulamentos e cumprimento das leis contra testes em animais na Coreia do Sul e, de acordo com estatísticas, apesar das leis contra esta prática, o número de animais em laboratórios cresceu assustadoramente.

Apesar do projeto de reforma da Lei de Cosméticos, que entrou em vigor para limitar o uso de animais em 2018, um total de 2.167 animais foram usados ​para testes de cosméticos no país neste ano. 

Em resposta a este crescente número de testes em animais, Borami Seo, gerente sênior de políticas da HSI, disse:

“É lamentável que as empresas coreanas ainda estejam realizando testes cosméticos em animais depois que o governo proibiu essa prática e que mais de um milhão de animais sofrerem no ano passado nos mais cruéis testes em animais, de produtos químicos e outros produtos. É uma traição inaceitável para os consumidores, que acreditam erroneamente que os cosméticos vendidos na Coreia agora são livres de crueldade e pouco fazem para melhorar a proteção do consumidor ou do meio ambiente. É hora das instalações de teste privadas e instituições públicas levarem a sério a adoção de abordagens existentes que não sejam com animais e das autoridades coreanas aceitarem e exigirem o uso de tais métodos quando disponíveis, em vez de solicitar novos testes em animais. Esperamos trabalhar com as comunidades científicas na promoção do uso de tecnologia avançada, bem como investir seus recursos em pesquisas relevantes, substituindo o uso de animais. ”

A partir deste momento, a HSI começou a trabalhar em colaboração com a Assembleia Nacional para abordar a explosão dos testes em animais por meio de revisões legislativas, além de apoiar estudos científicos e pesquisas baseadas em métodos relevantes sem o uso de animais.

Em 2020, foi instituida uma proposta de lei definiria “alternativas aos métodos de teste em animais” e estabeleceria um comitê para definir procedimentos de colaboração com outras autoridades centrais para desenvolver, disseminar e usar métodos que não utilizem animais.

Essa proposta foi popular entre os cidadãos sul-coreanos. Uma pesquisa de opinião feita pela HSI/Coreia mostrou que 80% dos coreanos queriam ver seu dinheiro de impostos gasto no apoio a abordagens sem uso de animais avançadas, como simulações de órgãos humanos e testes usando células derivadas de humanos no lugar de experimentos em ratos, macacos e cães.

Borami Seo, disse que, se aprovado, este projeto de lei fornecerá a estrutura jurídica necessária para situar a Coreia do Sul na vanguarda do desenvolvimento de métodos sem animais.

De 2018 até 2020, o regulamento de testes em animais foi muito satisfatório para a Coreia do Sul e o número de animais usados em testes de cosméticos caiu drasticamente em 2020. Isto foi uma notícia maravilhosa e uma vitória para o país, que segue criando leis e projetos para impedir cada vez mais o uso de animais em testes de cosméticos.

Ana Raíssa da Luz
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  • Ana Raíssa Luz

    23 anos, mineira, graduada música, estudos em neurolinguística e army. Vivo uma eterna paixão pela Coréia.

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