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O que é o “saengil-bbang”? Conheça a polêmica tradição de aniversário sul-coreana

O que você faz para comemorar o seu aniversário? Sai para comer no seu lugar favorito, canta parabéns e assopra velas de um bolo? É normal querermos que o nosso aniversário seja um dia especial só com as atividades, comidas e pessoas que mais gostamos ao redor. Seguir algumas tradições, como cantar a música da Xuxa e decorar a casa com balões, também pode fazer parte das celebrações pelo simples costume. Mas e quando a tradição abre as portas para algo… Menos agradável para o aniversariante?

Na Coreia do Sul, o costume de celebrar o aniversário de uma pessoa com o chamado saengil-bbang é conhecido e praticado há anos e pode até ser um momento leve e alegre entre amigos. Mas, algumas vezes, é usado para outras intenções. A KoreaIN explica o que é o saengil-bbang e como ele fez algumas celebrações virarem caso de polícia.

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O que é o saengil-bbang?

A palavra “saengil-bbang” é uma mistura de “saengil” que significa aniversário e “bbang” uma onomatopeia de estrondo ou batida. Este termo foi dado para a tradição sul-coreana de “agredir” uma pessoa no dia do seu aniversário. Em muitos casos, é apenas uma celebração inocente, como dar pequenos tapas nas costas ou chutes na bunda de um amigo. Apesar do saengil-bbang ser especificamente de aniversário, existem outros “bbangs” para outras celebrações da mesma maneira, como na dispensa de um soldado do exército, o “jeonyeok-bbang”, ou na aprovação de um aluno em uma faculdade renomada, o “joleop-bbang”.

Não se sabe a origem do saengil-bbang. A prática presente até hoje, inclusive em vídeos nas redes sociais com o nome da brincadeira, foi especialmente popular nos anos 1990 e 2000. Ao que tudo indica, o ato de “presentear” um amigo dessa maneira pode ter vindo de outras práticas similares. No caso das comemorações do exército, especialistas dizem que o ambiente acaba fazendo com que surjam essas exaltações de emoção de maneira mais física. Até mesmo em outros contextos, na Coreia do Sul certas punições físicas, mas inofensivas, são comuns, como bater um dedo na testa de uma pessoa. Brincadeiras de programas de variedades também são bons exemplos.

E não dá nem para dizer que esses jogos e comemorações físicas são exclusividades sul-coreanas. Em muitos países no Ocidente as pessoas brincam de acertar o bolo na cara do aniversariante assim que o parabéns é cantado. No Brasil, alguns bons exemplos são as gincanas de jogar torta na cara ao errar uma pergunta e os trotes em calouros universitários com banhos de tintas. Quando feito de maneira leve, no bom espírito, e com todos os envolvidos (especialmente os “alvos”) de acordo, pode ser uma dinâmica divertida que tira a risada de todo mundo e cria memórias para o futuro.


Quando a “celebração” passa dos limites

Infelizmente, nem todos os saengil-bbangs têm bons resultados ou boas intenções. Existem várias histórias de agressões severas que beiram a tortura, com humilhação e até nudez de uma pessoa sob o pretexto de um saengil-bbang ou similar. Nos anos 2000, em particular, os saengil-bbangs eram bastante violentos. Em 1999 teve até o caso de uma pessoa que morreu por causa da força do saengil-bbang feito pelos próprios convidados do aniversariante.

Até hoje existem histórias violentas como essa. Em 2022, um grupo de 5 adolescentes, 3 meninas e 2 meninos acima dos 14 anos, agrediu uma garota da mesma idade com tapas e chutes. Quando a polícia chegou ao local após uma denúncia, eles alegaram que estavam dando um presente de aniversário a um colega, o saengil-bbang. Só que mesmo esse argumento é colocado à prova quando foi revelado que apenas um dos adolescentes conhecia a vítima.

Um presente violento como esse, mesmo se tivesse surgido como brincadeira, abre portas para o bullying com carta branca para sair impune. O que é algo ainda mais grave, considerando que crianças e adolescentes em escolas são os mais vulneráveis a isso. Um relatório também de 2022 relatou que o número de crimes praticados por adolescentes (menores de 14 anos) cresceu, uma boa parte deles por agressão. Também não podemos culpar apenas os jovens por isso, já que muitos “bbang” são feitos por pessoas em seus 20 ou até 30 anos, como no caso de universitários e soldados do exército.

Uma vítima de saengil-bbang pode carregar não apenas cicatrizes físicas como psicológicas. O trauma das memórias dolorosas pode fazer a pessoa, muitas vezes um jovem, passar a temer o próprio dia do seu aniversário. O que deveria ser um momento alegre torna-se, então, uma dor. O saengil-bbang poderia ser praticado como brincadeira, mas é sempre importante lembrar que, se todos não estiverem rindo e alguém estiver sofrendo, deixa de ser uma brincadeira e vira apenas violência.

Por Paula Bastos Araripe
Fonte: (1), (2), (3), (4)
Imagens: reprodução TikTok
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  • Paula Bastos Araripe

    Jornalista carioca que tem o k-pop como trilha sonora da vida. Multistan incorrigível, defensora de grupos (injustamente) desconhecidos e nostálgica da segunda geração do k-pop. Highlight (Beast) tem certificado vitalício como meu grupo ultimate.

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