Hospitais em toda a Coreia do Sul estão negando atendimento especializado aos estrangeiros que visitam ou residem no país e os principais motivos supostamente são a barreira linguística e a escassez de pessoal.
Embora o governo tenha decidido abandonar em março o plano para aumentar o recrutamento médico anual, que havia desencadeado uma greve de um ano dos médicos residentes em fevereiro de 2024, os residentes têm demorado a retornar aos seus cargos.
Como os residentes eram os principais responsáveis pelos cuidados de internação nos principais hospitais antes da greve, sua ausência deixou especialistas e médicos experientes sobrecarregados, forçando muitos pacientes a lidar com recusas, atrasos e sofrimento com pouca ajuda.
Estrangeiros que não falam coreano descobriram que sua incapacidade de comunicar suas preocupações em momentos críticos pode agravar a dificuldade de acesso aos cuidados necessários em meio à atual escassez de pessoal nos hospitais.
De acordo com documentos da Agência Nacional de Bombeiros da Coreia do Sul, 104 pacientes levados de ambulância para prontos-socorros tiveram que ser redirecionados para outros hospitais durante o feriado do Ano Novo Lunar deste ano, que durou de 23 a 30 de janeiro — este número é mais que o dobro das 47 transferências durante o mesmo período de feriado do ano anterior e das 51 transferências em 2023.
Em um caso bem relatado em março, uma mulher vietnamita na faixa dos 30 anos deu à luz em uma ambulância após ser mandada embora do Hospital Universitário de Inha enquanto aguardava admissão em outro pronto-socorro.
Embora haja casos em que o paciente consiga receber cuidado médico em outro hospital com a ajuda de entidades terceirizadas, nem todos conseguem acessar rapidamente provedores de saúde alternativos.
Além disso, os médicos parecem relutantes em responder as perguntas dos pacientes sobre a causa dos seus sintomas. Muitos aparentam ficar estressados e apreensivos em lidar com estrangeiros, e suas consultas se tornam curtas e deixam a desejar em termos de explicação e escolha de tratamento.
De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde sul-coreano e pelo Instituto de Desenvolvimento da Indústria de Saúde da Coreia do Sul em 5 de abril, o número de turistas estrangeiros interessados em tratamentos médicos que foram para a Coreia do Sul ultrapassou 1,17 milhão em 2024, um aumento de 93,2% em relação ao ano anterior.
No entanto, a grande maioria desses turistas buscou tratamentos eletivos, com 56,6% recebendo procedimentos dermatológicos e outros 11,4% se submetendo a cirurgias plásticas.
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Embora essas clínicas frequentemente ofereçam intérpretes a esses pacientes, residentes estrangeiros e visitantes que precisam de atendimento urgente relataram, por outro lado, dificuldade em encontrar recursos em inglês.
Residentes estrangeiros na capital podem receber aconselhamento no Seoul Global Center, que opera um serviço de encaminhamento médico 24 horas, bem como nos Centros de Informação Médica sul-coreanos estatais em Seul e Incheon.
Para quem está fora de Seul, no entanto, as opções permanecem mais limitadas. Para os que estão longe da capital, uma das poucas saídas parece ser pedir para suas embaixadas
ajudarem a encontrar hospitais adequados.
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