Trajetória: O caminho do BTS até a conquista mundial

O que é preciso para se chegar ao topo? Coreografias sincronizadas? Letras impactantes? Álbuns impecáveis? Neste dia em que o BTS completa 10 anos de história, vamos relembrar o caminho que RM, Jin, SUGA, j-hope, Jimin, V e Jung Kook traçaram até se tornarem um dos grupos de maior sucesso na história do K-pop.

O Bangtan antes do Sonyeodan

A ideia do grupo começou em 2010. Tendo pensado inicialmente em fazer um grupo focado em hip-hop, com integrantes rappers, Bang Si Hyuk percebeu que os jovens necessitavam de um modelo, uma figura que representasse toda uma juventude.

Originalmente, o grupo se chamaria apenas Bangtan e seria formado por RM, j-hope, SUGA, V, Jimin, Jung Kook e Kim Ji Hun. Em seguida, Jin foi recrutado e o projeto passou a ser um octeto até que Kim Ji Hun deixou a formação e o grupo passou a se chamar: Bangtan Sonyeondan (algo como “escoteiros à prova de balas”).

Quase três anos depois da chegada do primeiro membro, o grupo finalmente fez a sua estreia em 13 de junho de 2013 com o MV “No More Dream”, faixa título do mini-álbum 2COOL4SKOOL, e um nome resumido em três letras que o mundo todo reconheceria: BTS.

O árduo início

A demora e meticulosidade para selecionar os membros não significam que o início da carreira do BTS foi fácil. A primeira vitória em programas musicais televisivos, por exemplo, só veio em 2015 com a faixa “I Need U”. Hoje em dia, eles são os artistas com mais prêmios de music shows acumulados com mais de 160 troféus.

O mesmo se repetiu nas premiações sul-coreanas. O primeiro Daesang do grupo foi conquistado em 2016 quando The Most Beautiful Moment in Life: Young Forever foi escolhido o melhor álbum do Melon Music Awards. Desde então, o septeto tornou-se um dos atos de K-pop mais premiados não apenas na Coreia, mas também no mundo.

Em 2018, ao subirem no palco do MAMA para receberem o prêmio de Melhor Artista, Jin revelou que o grupo considerou a possibilidade de dar disband naquele mesmo ano:

Sofremos muito este ano. Até pensamos em dar disband, mas unimos nossos corações novamente e recebemos este prêmio. Estou feliz que isso levou a um bom resultado. Sou muito grato aos nossos membros que conseguiram unir seus corações e quero agradecer aos ARMYs que sempre nos amam.

Com o caminho tornando-se cada vez mais seguro, os sete membros renovaram seus contratos com a BIGHIT MUSIC ainda em 2018, dois anos antes do fim dos 7 anos que representam a duração padrão de um contrato no ramo. Tal decisão mostrou-se mais do que acertada, pois foi aproximadamente neste período que o BTS começou sua escalada rumo ao topo.

Da Coreia para o mundo

Com a Coreia ficando pequena demais, era chegada a hora de explorar o resto do mundo. Um dos principais termômetros dessa conquista era a Billboard. Se em 2015 eles conquistaram uma tímida posição de número 171 no top 200 de álbuns com The Most Beautiful Moment in Life, Part 2, em 2017 eles receberam o prêmio Top Social Artist no Billboard Music Awards para, no ano seguinte, conseguirem o primeiro de muitos nº 1 nas paradas de sucesso.

O feito foi em 2018: o grupo alcançou, com o álbum Love Yourself: Tear, o primeiro lugar nas paradas da Billboard 200. Tornando-se não somente o primeiro álbum, mas o primeiro grupo de K-pop a liderar o chart. No mesmo ano, o grupo ficou em 4º lugar na Billboard Hot 100, com a faixa título “On”, que até então havia sido o maior destaque em charts para um artista coreano.

A explosão do grupo foi seguida de aparições em programas de TV e participações em eventos como o Times Square News Year’s Eve, uma das cerimônias de Ano Novo mais conhecidas do mundo. Claro que, com isso, as turnês do septeto também acompanhavam. Além de se tornarem os primeiros a se apresentarem no lendário estádio de Wembley, o grupo reuniu aproximadamente 120 mil fãs em dois dias de show durante a turnê mundial, “BTS World Tour Love Yourself: Speak Yourself”.

O sucesso mundial também refletiu no Brasil. Em quatro passagens pelo país, o grupo fez um total de seis shows. Se o início foi em casas de shows modestas, o sucesso da “Love Yourself: Speak Yourself” foi tamanho que o septeto precisou abrir uma data extra no Allianz Parque para suprir a demanda de 40 mil pessoas que foram vê-los a cada dia.

Ultrapassando a barreira linguística

Em 2020, o BTS lançou sua primeira música em inglês, “Dynamite”. Após quatro dias do lançamento, a música já havia conquistado 200 milhões de acessos. E naquela mesma semana o grupo se tornou o primeiro artista coreano a alcançar o 1º lugar no chart de músicas dos Estados Unidos, o Billboard Hot 100.

A faixa foi seguida de “Butter” e “Permission to Dance”, que foram igualmente sucessos entre os fãs. Claro que, com tamanha atenção do público e da mídia, era apenas uma questão de tempo até outros artistas começarem a almejar parcerias com o grupo.

Halsey foi uma das primeiras neste quesito, ao participar da faixa “Boy With Luv”, mas foi Lil Nas X quem levou o grupo ao palco do Grammy Awards pela primeira vez, tornando-os os primeiros artistas coreanos a conseguirem este feito. Além de participar da performance de “Old Town Road”, o septeto entregou o prêmio de Melhor Álbum de R&B.

No ano seguinte, o grupo subiu aos palcos para uma apresentação e no final de 2020 foram indicados pela primeira vez em uma categoria da premiação.

Nos últimos anos, o BTS têm acumulado diversas parcerias musicais, seja como grupo completo ou dos seus membros de forma solo. A lista já inclui nomes como Coldplay, Charlie Puth e benny blanco. E tenderá a crescer ainda mais, mesmo com o pequeno intervalo pelo qual o grupo precisa passar.

O hiato, alistamentos e solos

Em comemoração aos nove anos do grupo, em 10 de junho de 2022, o BTS lançava Proof. O álbum antolôgico reuniu todos os maiores sucessos do grupo em três discos e trouxe fotos de todas as suas eras e conceitos. Em sua setlist, haviam algumas poucas faixas inéditas, entre elas “Yet To Come (The Most Beautiful Moment)”, que ganhou MV e foi escolhida como a faixa promocional do lançamento.

O MV também faz referências a diversos outros MVs antigos do grupo e traz em imagens e na letra uma promessa clara: a de que o melhor ainda está por vir.

Naquele mesmo período, durante uma live em comemoração ao aniversário, o grupo anunciou uma pausa temporária em seu trabalho para focar nos trabalhos solos. Era chegada a hora dos membros cumprirem suas obrigações de cidadãos sul-coreanos e se alistarem. Em outubro, veio a confirmação final, eles estavam se preparando para servir e o primeiro a iniciar o serviço militar seria Jin, o mais velho.

Até o momento, apenas Jin e j-hope estão servindo. Na sua declaração inicial, a BIGHIT MUSIC já havia deixado claro que cada membro se alistará de acordo com seus planos individuais e cada anúncio será feito conforme as datas forem decididas.

Como fãs já sabem: o BTS é sete. Sendo assim, há poucas ou nenhuma possibilidade do grupo lançar novos trabalhos sem algum de seus membros. Portanto, o que teremos nos próximos anos é o foco em projetos e lançamentos solos exaltando os talentos individuais e perfis de cada membro.

O primeiro deles foi j-hope. O rapper já havia lançado Hope World em 2018, mas, oficialmente, o debut solo só é considerado quando há um álbum lançado em versão física. Isso aconteceu em julho de 2022 com o lançamento de Jack In The Box. Além do seu rap já conhecido, fãs puderam ver uma faceta mais ousada e rockeira do artista, que surpreendeu positivamente o público. No mesmo ano, o rapper também subiu ao palco do Lollapalooza como uma das apresentações principais do festival.

Em outubro, pouco depois do aviso de que o alistamento dos membros estava próximo de começar, foi a vez de Jin lançar o seu “The Astronaut”. O single foi escrito em parceria com membros do Coldplay e fez com que o cantor fosse até Buenos Aires para participar de um show da banda. Devido à aproximação com os trâmites do alistamento, não houve muita promoção da faixa, mas ela ganhou um espaço especial no coração dos fãs ainda mais por sua ligação com “Moon”, solo de Jin do álbum Map of The Soul: 7.

O ano de 2022 terminou com RM lançando o álbum Indigo. Das 10 faixas, nada menos que 8 são parcerias com grandes nomes como Tablo, Erykah Badu e Anderson .Paak, entre outros. O líder escolheu um lado mais intimista para seus solos desde o lançamento de mono., e a cada nova composição mostra mais da sua alma aos fãs.

O ano de 2023 trouxe o debut solo de Jimin. O que esperar de um dos dançarinos principais do grupo? Performances grandiosas, claro. E foi exatamente isso que Face entregou. Mais recentemente, o cantor também foi escalado para participar da trilha sonora do filme Velozes e Furiosos 10.

Fãs mal tiveram tempo de respirar e, menos de um mês depois, era a vez de SUGA, ou melhor, Agust D chegar. O rapper é um dos solistas mais ativos do grupo, já tendo lançado duas mixtapes (Agust D e D-2) e produzido incontáveis faixas tanto para o BTS quanto para outros artistas, como IU e Psy. Mas, como o debut solo só é oficializado quando há um álbum físico, isso só foi alcançado com D-DAY. Seguindo o lançamento, SUGA seguiu em uma turnê de sucesso para promover o álbum.

Por enquanto, apenas Jung Kook e V não lançaram seus respectivos álbuns solo. Apesar disso, V possui músicas em trilhas sonoras de K-dramas como Hwarang – no qual também interpretou um dos personagens principais – e Itaewon Class.

Mesmo possuindo apenas 3 faixas com créditos em seu nome no Spotify, Jung Kook alcançou mais de 200 milhões de execuções em todas elas. A maior delas é “Left and Right”, parceria com Charlie Puth com mais de 650 milhões de execuções, mas o ponto alto da carreira solo do cantor foi sem dúvida a faixa “Dreamers”, parceria com o cantor Fahad Al Kubaisi que foi escolhida como o tema da Copa do Mundo do Catar.

O futuro

Para celebrar os dez anos de carreira, o BTS lançou o single digital “Take Two”. Além de relembrar sua jornada de uma década, o grupo imagina como será o futuro junto do ARMY.

Apesar da mensagem da BIGHIT MUSIC ter feito com que muitos fãs esperassem que o grupo voltasse aos palcos em 2025, Bang Si Hyuk declarou em março que isto não é uma certeza, já que os planos de alistamentos dos membros são pessoais.

Mesmo assim, vale mais uma vez reforçar a mensagem trazida no single que celebrou os 9 anos do grupo: O melhor está por vir.

Mais do que letras

Mais do que letras em um papel, as músicas do grupo têm uma forte preocupação com questões como juventude, amor e saúde mental.

Dividida em fases, categorizadas de acordo com os temas abordados pelo grupo, a discografia do BTS pode ser separada em: School Trilogy, Dark&Wild, The Most Beautiful Moment in Life, Wings, Love Yourself, Map Of The Soul, Be e o último álbum lançado, Proof.

Cada uma das fases seguia um tema específico e, por participarem diretamente da elaboração da maioria das músicas, o grupo garantiu que cada uma das músicas refletisse a realidade de sua própria geração, ganhando significativo apoio de seus fãs desde o debut.

Temas como amores que não deram certo (Dark&Wild), momentos bonitos da vida ou as inseguranças da juventude (The Most Beautiful Moment in Life Pt 1 e 2) foram abordados nos primeiros álbuns do grupo e assim por diante, como em Love Yourself, que apresentava temas como amor próprio e a dor de uma separação.

As mensagens retratadas nas músicas permitiram que o grupo ficasse cada vez mais perto de seus fãs, além de começarem a conquistar um número crescente de pessoas que até então desconheciam o próprio termo K-pop.

Além das letras, o grupo também criou um universo paralelo formado por lançamentos multimidiáticos que se interligam em histórias além da música e envolvem os fãs. Já falamos de forma mais detalhada sobre isso em outro texto, confira.

Gostou da nossa retrospectiva? Qual sua música favorita do BTS? Conte-nos nos comentários.

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Imagens: BIGHIT MUSIC
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